10 da manhã. Novo dia…
Dê largas à fantasia…
É preciso renovar,
Hora a hora, as
ilusões,
Tal como as ondas do
mar,
Que refluindo em
cachões,
Depois dum trabalho
ardente,
Na praia, na maré
cheia,
Deixam ficar docemente,
Novos grãozinhos de
areia…
A fantasia é o mar
Que há nos nossos
corações…
É preciso renovar,
Hora a hora as
ilusões!...
Um amor não é perfeito
Se vive só dos
sentidos…
Deve ter – peito com
peito-
Dois corações bem
unidos.
É mesmo preciso, até,
Em cada dia que passa,
Iluminá-lo com fé,
Dar-lhe um ar da nossa
graça…
A fantasia é um mar
Que há nos nossos
corações…
E serve p’ra renovar,
Hora a hora as ilusões…
A sombra de uma
incerteza,
Um desejo uma
ansiedade,
Uma nuvem de tristeza,
Um palpitar de saudade,
Podem salvar um amor,
Fazê-lo reanimar…
Muitas vezes uma flor
Tem mais frescura e
mais cor
Banhada pelo luar!...
Receba com um sorriso
Esta carta mal rimada,
Toda escrita de
improviso,
Como se fosse falada.
E leia-a com simpatia,
Que ela não tem ironia
Nem sentimentos
perversos.
E veja – quando acabar
–
Se é capaz de adivinhar
Quem lhe escreveu estes
versos…
Fonte: Almanaque Diário
de Notícias 1955
Texto: Pereira Coelho
Fotos da Net
© Carlos Coelho
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