sexta-feira, 23 de março de 2018

Amor


O Amor! O amor! Ninguém o definiu
É sempre o mesmo. Acaba onde começa.
Quem mais o sente menos o confessa.
E quem melhor o diz nunca o sentiu.

Conhece a todos mas ninguém o viu.
Se o procuramos foge-nos depressa.
Se o desprezamos, tudo se interessa.
Só está presente quando já fugiu.

E quanto mais se quer, menos se alcança.
É homem feito sendo uma criança.
Ninguém o encontra e em toda a parte mora.

Mata a quem dele vive. É sempre assim.
Só principia quando chega ao fim.
Morreu há muito e nasce em cada hora.

Fonte: Almanaque Diário de Notícias (1954)
Texto/Autor: Virgínia Vitorino (Do livro «Namorados»)
Foto do texto.
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