Abri meus olhos ao raiar
da aurora
e parti. Veio o sol e
então segui-a…
a sombra, que eu julgava
guiadora,
a minha própria sombra
fugidia.
E foi subindo o sol; ao
meio dia
escondeu-se-me aos pés a
sombra; agora,
se volto a olhar onde
passei outrora,
vejo a seguir-me a sombra
que eu seguia.
A gente é o sol dum dia;
sobe, avança,
passa o zenite e vai, na
imensidade,
apaga-se no mar, onde se
lança…
e a vida é a própria
sombra; meia idade
somos nós que a seguimos e
é – esperança;
depois segue-nos ela e é –
saúdade.
Fonte: Almanaque Bertrand,
1940
Texto/Autor: Fernando
Caldeira
Foto da net
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