Quem sabe lá, quem me diz
P’ra que encantado país
Navegam as caravelas?
Onde vão elas? Aonde?
Que aventureiro destino
Ou ideal peregrino
Seu rumo altaneiro esconde?
A minha alma é também
Qual caravela ligeira
Que não tem Pátria, nem rei…
Anda no mar à ventura
Como quem dono não tem…
Deixai-a, pois, ir na esteira
Do vosso rumo sem lei,
Caravelas da Ventura!...
Velas de sonho, enfunadas,
De quimeras carregadas
Dizei-me onde ides, dizei?!...
Parai um pouco… Esperai,
Que eu vou convôsco
também!
Nos altos mastros erguida
Minha divisa lá vai:
Um vermelho coração
Donde brota enrubescida
A rosa da ilusão…
Vamos então… Naveguemos,
Velas inchadas ao vento!
Levais quimeras e eu sonhos…
E com tal carregamento
Forçoso é que cheguemos.
…Se não chegarmos? Se a Morte
O nosso rumo nos corta?
Velas de sonho, que importa,
Que importa que naufraguemos?!...
Ter ilusões e perdê-las
No mar da Vida, sem calma,
É triste, sim… Mas não tê-las
Deve ser mais triste ainda!
Caravela da minh’alma
Tão leve, tão alta e linda,
Não tenhas mêdo!... Singremos.
Rumo à Ventura e à sorte!...
Fonte: Almanaque Bertrand (1940)
Texto/Autor: Branca Cruz
Foto da net
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